terça-feira, 4 de outubro de 2011

O futuro de Urbano Santos?

Açailândia, região dominada por eucalipto.

Destruição do solo, retração da produção de alimentos e trabalho precário são os efeitos do monocultivo nessa região do Maranhão.

Marcio Zonta, Jornal Brasil de Fato, 30/09/2011
de Açailândia (MA)


Estima-se que no Brasil, há 6 milhões de hectares plantados de eucaliptos e a projeção feita pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é que em 2020 estejam plantados 9 milhões de hectares. Segundo o MAPA, isso representa o plantio de 300 mil hectares de novas áreas por ano. 

Toda essa demanda por eucalipto no Brasil seria, sobretudo, para atender os polos guseiros (produtores de ferro-gusa), como os de Açailândia (MA) e Marabá (PA) por carvão vegetal. Além disso, conforme o MAPA, pela capacidade produtiva esses polos, teria a necessidade de mais 1 milhão de hectares com eucalipto para a produção de ferro-gusa e celulose. 

Para o professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UniversidadeFederal do Maranhão (UFMA), Marcelo Sampaio Carneiro, esse crescimento da plantação do monocultivo do eucalipto na região ganha força a partir da segunda metade dos anos de 1990. “Tivemos o boom dos investimentos feitos pelas empresas guseiras e agora temos a implantação da unidade do grupo Suzano”, afirma.

Como tem sido prioridade governamental ao longo dos últimos 20 anos, esse setor tem recebido recursos públicos. “Os empreendimentos vêm contando com recursos do BNDES, como é caso da antiga empresa Celmar e agora da Suzano. Além de recursos de outros agentes financeiros”, alerta.

 
No entanto, os dados sobre a plantação de eucalipto na região ainda são imprecisos e desencontrados, principalmente pelos órgãos competentes ou autoridades locais. Exemplo disso é a resposta bizarra do Secretário Municipal de Meio Ambiente de Açailândia, Benedito Galvão, que afirma: “eu não tenho dúvida que a plantação de eucalipto já ultrapassou a plantação de alimentos no município”. E acrescenta: “meu caro, outro dia eu percorri 112 km para ir a uma cidade vizinha e foi todo o percurso com plantação de eucalipto dos dois lados, não tem jeito”.

O vice prefeito de Açailândia, Antonio Erismar (PT-MA), segue o mesmo raciocínio do secretário. “O que estamos vendo é que antes onde se plantava o arroz, o feijão, o alimento, hoje foi tomado pelo eucalipto, está difícil”.

O mesmo raciocínio é feito pelo senhor Willian Pereira de Melo, representante da associação de moradores do Piquiá de Baixo. “Antes 70% viviam da agricultura no bairro, mas, plantar onde o eucalipto já tomou todo o espaço de nosso plantio? Para o nosso povo sobrou o serviço braçal pesado e o salário de miséria nas siderúrgicas”, constata. Piquiá de Baixo é um bairro de Açailândia onde moram 300 famílias, das quais 65,2% das pessoas sofrem com problemas respiratórios em função das atividades das siderúrgicas e carvoarias, conforme denunciou a reportagem do Brasil de Fato (Em Açailândia, moradores padecem com mineradoras).

Conforme estudo do professor Marcelo Sampaio Carneiro, “os dois agentes econômicos do agronegócio - a pecuária e o eucalipto - na cidade vizinha de Açailândia, Imperatriz, se expandiram de tal forma causando a retração da principal atividade econômica da agricultura familiar na região: a lavoura temporária”.


Efeitos danosos:

No assentamento Califórnia, comunidade de 268 famílias organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cercado por plantações de eucaliptos, as terras ainda não foram tomadas pelas siderúrgicas ou pela Vale. Mas, segundo foi constatado pela Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH), além do problema da poluição atmosférica, há queixa dos assentados em relação ao veneno utilizado no monocultivo. O vento traz parte do volume de pesticidas borrifados por tratores. “O solo já não é mais propício para nossa colheita, pelos efeitos da plantação do eucalipto”, reclama a assentada Joana Pereira da Silva.


O eucalipto é um dos vegetais que mais consome água, entre 10 e 20 mil mililitros/ano.O cientista capixaba Augusto Ruschi, professor titular de Botânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que não encontrada quantidade suficientemente de água no solo, depositada geralmente pelas chuvas ou mesmo infiltração de cursos d’água próximos, o vegetal aprofunda a cada dia suas raízes para o encontro de águas. “Com o passar dos anos, as raízes vão penetrar no lençol freático para a busca da água. Após esta penetração, depois de absorvida toda a água existente no lençol, acaba por esvaziar a reserva líquida da região”, observa Ruschi.

Assim, o solo estaria fadado a sua não mais recuperação pela lógica lucrativa das  

(Fotos:  Justiça nos Trilhos. Poluição e
protesto no Pequiá. Eucaliptos ao fundo) 

empresas, “pois as árvores tendem a morrer e o local se transformar num deserto. Para voltar ao antigo estágio terá que ser gasta uma quantia exorbitante, muito maior que a obtida em seus lucros na produção de celulose. É melhor dizer: o solo será irrecuperável”, conclui o professor.

14 comentários:

  1. Deuuuuuuuuuuuuusssss nos ajudeeeeeeee!!!!!!!!!!!!!agora so se falam de eucalipto!!!!!!!!Estamos mortos...

    Filho da terra

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  2. Mas o que foi que os governantes fizeram para impedir alguma coisa?

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  3. Vagner
    rua do sol
    quer dizer quando a agua do subsolo faltar a nossa região ja virou deserto? Pode ser mito ou pode ser verdade só o tempo dirá.

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  4. o futuro de urbano santos só a Deus pertence! ta nas mãos dele.

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  5. se pelo menos a suzano se preocupasse um pouco com o meio ambiente isso poderá ser evitado.

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  6. Nesse futuro destruidor acho que nem a ong entrerrios dará um jeito. Vamos pedir ajuda de Deus

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  7. O futuro de urbano santos é pegar fogo porque para todo lugar que se olha é fogo no serrado, mais porque não pega fogo no bendito do eucalipto????????????

    JR

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  8. RITA,
    A vinda das empresas de eucalipto trouxe emprego! mas será se isso supera a destruição que as empresas causam ao meio ambiente? será se vale a pena? que projetos essas empresas tem para o meio ambiente? que projetos esssas empresas tem para com o social? para onde vai o dinheiro dos altos impostos que estas pagam?

    ALGUEM DAS EMPRESAS SUZANO, MARGUSA, JS, KLN, ACM...PODEM RESPONDER!!! SE NÃO RESPONDEREM É PQ NÃO EXISTE, QUE É O MAIS PROVAVEL.

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  9. Estou eu aqui no paradigma estou para o lado direito do monitor e vejo belas imagens dos nossos belos recursos naturais em nossa cidade, e mim pergunto! Será se no futuro esta paisagem ainda estará assim? Ou se por causa dos excessivos venenos, adubos, pesticidas, estimulantes que são aplicados nos eucaliptos destruirá tudo isso. Fica aí a pergunta meus amigos filhos da terra!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  10. Acho que esta pergunta da Rita é muito fácil de ser respondida, quanto aos impostos acho que a suzano faz todos os meses este recolhimento uma vez que os impostos das empresas que presta serviços para ela como: JS, ACM, BL, KLN a outra que faz os desmatamento que de chapadinha que não sei o nome, enfim todas tem os impostos retidos e a responsabilidade do recolhimento nestes casos seria da empresa mãe que no caso seria a suzano, agora se os gestores estão usando estes recursos indevidos já é função da câmara junto a população fazer uma fiscalização, quanto ao social também muito fácil de responder quem será a empresa beneficiada no contexto geral dos processos claro a suzano então a responsabilidade de fazer um social de alto nível para esta região tem que ser da suzano e não das empresas que prestam serviços a ela se ela não tivesse aqui as demais nem existiam, se as demais der sua contribuição melhor. No entanto a polução deverá cobrar e a suzano deverá apresentar um projeto social que beneficia estas nossas carentes comunidades que a cada dia irá sentir muito o impacto destas exploração da natureza como por exemplo: Extinção das caças, pescas e área para cultivo da agricultura que num passado bem próximo era umas das fontes de renda do povo da zona rural.

    Márcia

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  11. quem falou a palavra social? Vamos parar de ser bestas esta empresa suzano nunca fará nada por este povo só quer explorar e nada mais depois da tempestade vem abundância mas de valas sem água. E vegetação? Só nas fotos.

    Eles nem mesmo daum uma carona para uma pessoa que estiver entre a vida e a morte no interior isso imoral e falta de responsabilidade com a vida humana o tio Rui que estivesse vivo que o diria se estou mentindo ou não.

    Que saudade do Dr. Rans, Seu Miguel e Dona Darci, faziam campos agrícolas, compravam sementes, adubos e ajudavam com apoio logísticos de profissionais como o Toinho do Galdino, Moacir o Seu Paulo que de uma forma ou de outra fazia algo pelo povo da zona rural, agora KD a Fernanda do Pauleca que trabalha nesta área nem parece que é de urbano santos só critica nossa população..

    Cosminho

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  12. maria estela essas imagens aqui vai ficar so no sonho, isso aí vai é comido pela gana do eucalipto

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  13. talvez ate essas aguas aé já estejam contaminadas de veneno

    JR

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  14. "tristes as coisas e pessoas sem enfase..."

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